Notícias 10/02 - Cidades catarinenses registram alta nos valores de venda de imóveis

Coordenadora da Arisp explica o motivo do aumento e como o mercado imobiliário impacta nos registros de imóveis

As cidades catarinenses analisadas pelo Índice FipeZap – calculado com base nos anúncios de imóveis publicados no ZAP Imóveis (mais de 500 mil anúncios válidos por mês) e em outros portais da Internet – estão entre as cidades cujos imóveis tiveram seu preço de venda alavancado em 2021.

Balneário Camboriú (R$ 9.358/m²), Itapema (R$ 8.856/m²) e Florianópolis (R$ 8.582/m²) ocuparam o 3º, 4º e 6º no ranking de maiores valores médios registrados pela FipeZap. O primeiro lugar foi ocupado por São Paulo (R$ 9.708/m²) e Rio de Janeiro (R$ 9.650/m²). O preço médio do imóvel calculado para as 50 cidades monitoradas pelo índice foi de R$ 7.874/m²; portanto, as cidades catarinenses tiveram seus valores de venda de imóveis acima da média nacional.

Ainda referente ao ano de 2021, o estudo da FipeZap, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostrou que 47 das 50 cidades monitoradas pelo índice apresentaram aumento nominal de preço de venda de imóveis residenciais. Em 17 delas a variação superou a inflação esperada para dezembro de 2021. As cidades que lideram essa lista são catarinenses: Itajaí (+23,77%), Itapema (+23,57%), Balneário Camboriú (+21,21%); na sétima colocação, São José (+18,16%) e na oitava Florianópolis (+15,74%).

Em entrevista para o Colégio Registral Imobiliário de Santa Catarina, a coordenadora de Estatísticas, Pesquisas e Desburocratização da Associação de Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp), Patrícia Ferraz, comentou sobre esse aumento nos preços de imóveis de Santa Catarina, falou sobre as relações econômicas com os registros de imóveis, citou a motivação desse aumento e comentou sobre a relevância das serventias imobiliárias para a sociedade.

 

Cori/SC: Explique sobre a relação do mercado/economia imobiliário e o registro de imóveis.

Patrícia Ferraz: Inicialmente é importante dizer que os temas econômicos dizem respeito completamente a razão de ser do registro de imóveis. Desde que esse sistema foi criado em meados do século XIX como registro hipotecário, a economia sempre foi o “mote” propulsor do registro de imóveis. Passou haver a necessidade de ter segurança a respeito dos direitos de propriedade imobiliária, especialmente, segurança com relação aos créditos que tem como lastro os imóveis.

O crédito é umas das coisas mais importantes da economia, consequentemente, aquilo que garante o crédito também tem relevância. A partir daí o registro de imóveis, que é a instituição que assegura operações de crédito com lastros de imóveis e quem cuida do direito de propriedade imobiliária, tem uma importância destacada. Assim, quando falamos de economia, falamos de crédito, de garantias imobiliárias e mobiliárias e chegamos ao registro de imóveis.

Cori/SC: Como podemos ver essa alta de preços? E como ela afeta as atividades dos cartórios de registros de imóveis?

Patrícia Ferraz: Via de regra, você não tem aumento de valor de qualquer bem, se não existir uma demanda inferior a procura. O que pode estar acontecendo, nos mercados em geral, devido a pandemia e por conta dos solavancos que o mercado de ações sofreu, é que as pessoas passaram a procurar mais bens imóveis, passaram a procurar outros tipos de imóveis. Além disso, tivemos, infelizmente, a movimentação do mercado imobiliário em razão das pessoas que morreram por conta da pandemia.

Este conjunto de fatores contribuí para que tivesse um maior número de movimentações econômicas, maior interesse em imóveis e por conta disso os valores dos imóveis acabam subindo. E isso impacta os registros de imóveis, pois, para garantir a segurança e o direito de propriedade, registram-se esses bens.

Cori/SC: Diante desse aumento de novos negócios no ramo imobiliário, como a sociedade deve entender a importância dos registros de imóveis? E quais os principais benefícios do RI?

Patrícia Ferraz: É o registro de imóveis que, efetivamente, protege o direito de propriedade, certifica a segurança e agilidade para constituição das garantias e dá maior celeridade nas operações de empréstimo e financiamento. Assim, permite uma melhor aplicação dos recursos, por conta da agilidade, e impacta positivamente no desenvolvimento econômico.

Faço uma observação, essa segurança em relação aos direitos de propriedade, o registro de imóveis sempre proporcionou, porém, há 15 anos, passou a assegurar os processos de execução dos financiamentos que verificam inadimplentes. Essa verificação é feita a partir da alienação fiduciária do bem imóvel. Por conta disso, a nossa taxa de recuperação fica acima de 98,99% em um prazo muito pequeno, que varia entre 3 e 6 meses.

Portanto, em razão do alto nível de negócios do estado de Santa Catarina – que é um dos melhores do Brasil –, da eficiência em averiguar inadimplência e de tantos outros benefícios proporcionados, os empreendedores de todos os setores e a sociedade em geral precisam ter a compreensão da relevância dessa serventia para as questões econômicas.

Cori/SC: Espera-se que neste ano de 2022, o cenário mantenha-se o mesmo ou existe perspectiva de mudança?

Patrícia Ferraz: Existem opiniões diversas a respeito do mercado imobiliário. Existe preocupação de alguns analistas com relação a um desânimo desse apetite do mercado imobiliário, por conta do aumento da taxa de juros decorrente do aumento da taxa de inflação. Mas existem analistas que são mais otimistas com relação a uma manutenção do número ou do tamanho das linhas de crédito, e, portanto, da manutenção do interesse dos compradores de bens imóveis.

A verdade é que temos outros fatores a considerar. Por exemplo, movimentações na China, para estimular o reequilíbrio de seu mercado e economia interna, e as eleições majoritárias no Brasil este ano. Tudo isso impacta o mercado de um modo geral, o que, honestamente, deixa imprevisível se vamos manter um cenário de alta, de estabilidade ou de queda.

 

Fonte: Assessoria Cori/SC