Notícias 30/12 - Estudo Indicadores do Registro Imobiliário avança em Santa Catarina

Projeto desenvolvido pelo Registro de Imóveis do Brasil em parceria com a Fipe já abrange as cidades de Florianópolis e Joinville

Luiz Eduardo Freyesleben Silva

 “Não se gerencia o que não se mede. Não se mede o que não se define. Não se define o que não se conhece e não há sucesso no que não se gerencia”. A frase de um dos percursores do Programa de Qualidade Total da Gestão Empresarial, William Edwards Deming, define bem a importância da publicação “Indicadores do Registro Imobiliário”, divulgada mensalmente pelo Registro de Imóveis do Brasil em parceria com a Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), que reúne estatísticas e dados de transações imobiliárias em várias cidades do País.

O presidente do Colégio Registral Imobiliário de Santa Catarina, Luiz Eduardo Freyesleben Silva, cita Deming ao lembrar que a pesquisa faz parte das melhores práticas institucionais, com contribuição à transparência de dados e impulso no relatório Doing Business, do Banco Mundial. “Conquanto não haja na legislação obrigação de formularmos esse estudo, os novos olhares decorrentes do acesso universal e meritocrático dos concursos públicos na nossa área e a preocupação com a gestão e com o fornecimento de serviços cada vez mais modernos e úteis, fez com que abnegados colegas – com especial destaque aos que estão sediados em São Paulo e Rio de Janeiro – buscassem nos aproximar dos mercados de países tidos como desenvolvidos, a exemplo da Inglaterra e Espanha”, explica Freyesleben Silva.

A pesquisa iniciou-se em 2019, com a parceria entre a Fipe e o Registro de Imóveis do Brasil (Cori-BR). Desde então o projeto procura abranger e detalhar as informações divulgadas, como explica o coordenador de pesquisas da Fipe, Eduardo Zylberstajn. “A Fipe sempre teve interesse de obter mais dados sobre o tema e foi assim que começamos a conversar com as entidades” ressalta ao falar também da importância da publicação para o Mercado Imobiliário, o principal mercado em qualquer economia minimamente desenvolvida”.

“A divulgação de indicadores permite que o mercado imobiliário funcione melhor, porque todos os que participam ficam em melhores condições para tomarem decisões”, disse Zylberstajn. Desta forma, entender a liquidez de determinada localidade ou empreendimento, o preço médio do metro quadrado, a evolução ou involução das transações e o volume de impontualidade ou de recuperação do crédito contribui para um mercado qualificado e equilibrado.

A pesquisa “Indicadores do Registro Imobiliário” foca nas principais capitais do País e abrange Florianópolis e Joinville, capital e município mais populoso de Santa Catarina, respectivamente. “A Fipe prevê uma contínua expansão, tanto das capitais e municípios do estudo como dos dados divulgados”, explica Eduardo Zylberstajn,.

 

Mercado catarinense

Eduardo Zylberstajn

Na última publicação da pesquisa observou-se uma variação do acumulado de “Operações de Compra e Venda em 2020”. A tendência é de queda nos números, mas a variação entre setembro de 2020 e setembro de 2019 mostra um aumento considerável de atos de forma branda nas 13 cidades do estudo. O presidente do Cori-SC, explica que a fadiga da população no segundo semestre do ano, após um restritivo primeiro semestre devido à pandemia, pôde ser sentido em Santa Catarina, além de um ânimo maior do mercado, como uma “liberação de demanda reprimida”.

“É possível, portanto, que a reação possa ser extraída a partir de uma visão mais otimista de mercado e o gradativo retorno de tudo que ficou suspenso no primeiro semestre”, explica. O coordenador de pesquisas da Fipe complementa a análise ao explicar que a pesquisa sempre leva em consideração o fator de sazonalidade dos números, tendo eventos típicos anuais contabilizados no estudo final, como carnaval e férias escolares. Desta forma, se normalmente “a média de operações em janeiro caem 5% e neste ano caíram 1%, na realidade, os dados deste ano mostram um aquecimento do mercado”, disse. Logo, o ano de 2020 se mostra extraordinário devido às consequências da pandemia, tendo um recorte próprio muito concentrado numa realidade de alguns meses.

O presidente do Cori-SC também lembra que nos últimos meses houveram medidas de aumento de concessão de crédito e reduções de taxas. “Pudemos presenciar diversos bancos avançando no mercado de crédito lastreado na garantia imobiliária, ou seja, não só aquele conhecido crédito para a aquisição do bem imóvel”.

 

Integração completa

O movimento dos registros de imóveis vem de distintos panoramas, com cenário micro e macro, municipal e nacional, cada um em seu universo. Por isso, a integração de dados dos Cartórios, de unidades e pequenas comarcas a nível nacional, constituem uma ferramenta útil não só à economia, mas também aos serviços públicos.

Para Freyesleben Silva, “a visão pulverizada pode contribuir no cenário local, de gestão individual, mas é na visão centralizada e nacional que conseguimos emprestar toda nossa intenção de aprimoramento do mercado e da transparência dessas informações”, ressalta. As diferentes percepções, então combinadas, apontam sinais de necessidade de intervenção pública ou mesmo privada, caso os parâmetros demonstrem queda, por exemplo.

Eduardo Zylberstajn ressalta que todo o estudo “Indicadores do Registro Imobiliário” é feito com base nos dados do registro de imóveis, já que não há nenhuma outra fonte no levantamento. “Precisamos dos dados dos Cartórios de Imóveis, já que são eles que alimentam um banco de dados com todas as operações imobiliárias registradas nas serventias. A Fipe acessa esse conteúdo e realiza uma análise comparativa dos dados, ou seja, é documentada a evolução e a quantidade de transações realizadas e esse processo é essencial para entendermos e termos um termômetro da atividade do setor”, conclui.

O presidente do Cori-SC apontou o empenho dos registradores de imóveis catarinenses em abastecer o mercado e sociedade com informações. “Os princípios têm a vantagem de se adaptarem no tempo, e os princípios da publicidade e da segurança que sempre acompanharam os registros públicos estão irradiando seus efeitos para que possamos entregar serviços cada vez mais modernos e úteis” disse.

Luiz Eduardo Freyesleben Silva também ressalta que o momento é fértil em Santa Catarina, pois os trabalhos do desembargador Dinart Francisco Machado e do juiz corregedor Rafael Maas dos Anjos à frente da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado, apoiam as iniciativas de modernização dos serviços, com uma enorme preocupação com os usuários, “em um encontro de bons propósitos e avanços significativos”, lembrou. “Temos ainda muito o que fazer e melhorar, mas com a certeza de que todos estamos comprometidos com os avanços e dispostos a empenhar nosso suor e tempo para tanto” conclui o presidente.